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RESENHA | Nossas Horas Felizes de Gong Ji-Young

(Capa: Readaptação da original)

NOSSAS HORAS FELIZES

Tema: Fé, Perdão, Família

Nossas Horas Feliz, da novelista Gong Ji-Young - autora best-seller com mais de 10 milhões de exemplares vendidos no mundo - apresenta as vozes alternadas de dois adultos que narram suas histórias marcadas pela dureza da existência. Conhecemos a concepção de Yunsu, um criminoso preso no corredor da morte e de Yujeong, uma mulher na casa dos trinta, que luta contra os fantasmas do passado que a fazem desejar a própria morte.

O livro foi publicado no Brasil em 2017 pela Editora Record, com tradução de Maryanne Linz.

Ainda que vivam realidades completamente diferentes, ambos se sentem igualmente despedaçados pelos traumas do passado, que deixaram rastros físicos e psicológicos. O primeiro encontro entre eles acontece após tia Mônica convidar a sobrinha, Yujeong, a um dos encontros semanais que ela realiza no Centro de Detenção de Seul. Após sua terceira tentativa de suicídio, Yujeong se vê sem saída e, para escapar do tratamento psicológico imposto pelo tio, ela aceita a proposta a contragosto e passa a acompanhar a tia nessa tarefa. 

Yujeong vem de uma família rica; sempre teve tudo, inclusive fama, mas nunca conheceu o amor nem o carinho da mãe. Por isso, mantém uma relação muito mais próxima com sua tia Mônica. Yunsu, por outro lado, passou a vida lutando pela sobrevivência ao lado do irmão mais novo. Já morou nas ruas, em abrigos, e enfrentou a fome. Quando seus caminhos se cruzam, os dias de ambos de tornam um pouco mais suportáveis, marcados por grandes doses de compreensão e solidariedade.

Por desenvolver poucos personagens, o livro concentra-se nas visitas de Yujeong e de sua tia Mônica ao Centro de Detenção de Seul, bem como nas passagens do diário de Yunsu. A narrativa é permeada por citações bíblicas e reflexões morais que nos convidam a pensar sobre os acontecimentos que levaram Yunsu a achar que merece a própria morte na prisão e Yujeong a tentar o suicídio.

A cada visita à prisão, o vínculo entre os protagonistas se torna mais intenso, mostrando que a empatia tem o poder de transformar não apenas as relações, mas também a maneira como enxergamos a vida.

A autora

(Foto: Reprodução)

Nascida em 1963, Gong é considerada uma das romancistas mais influentes da literatura sul-coreana contemporânea. Sua escrita dá voz às pessoas que vivem à margem da sociedade como os desfavorecidos, os esquecidos, os discriminados; e ela aborda temas como o movimento estudantil, o divórcio, o trabalho operário, o serviço doméstico, a pena de morte e a deficiência auditiva, convidando o leitor a vivenciar, pela literatura, a realidade difícil daqueles que raramente são representados.

Formada em Literatura Inglesa pela Universidade de Yonsei e marcada pela ditadura militar de Park Chung Hee (1962-1979), 'Nossas Horas Felizes' surgiu durante um momento difícil da vida da autora, quando ela também enfrentava pensamentos suicidas.  Foi esse estado de espírito que a levou a visitar prisioneiros no corredor da morte por mais de 12 anos. 

Referência Bibliográfica

JI-YOUNG, Gong. Nossas Horas Felizes. 1. ed. Tradução Maryanne Linz. Rio de Janeiro: Editora Record, 2017.

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