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RESENHA | A Inconveniente Loja de Conveniências 2 de Kim Ho-Yeon

A Inconveniente Loja de Conveniências 2 de Kim Ho-yeon
(Ilustração da Capa: Banzisu)

A INCONVENIENTE LOJA DE CONVENIÊNCIA 2

Tema: Covid-19, Autoconhecimento, Empatia, Recomeço

A Inconveniente Loja de Conveniência 2 é a continuação do primeiro livro (A Inconveniente Loja de Conveniência), uma novela literária que apresenta o encontro e o desenvolver de um companheirismo entre a Senhora Yeom, ex-professora de história aposentada e dona da loja de conveniência 'Always', e Dok-go, um homem alto e robusto, que vivia na Estação de Seul. 

Neste segundo livro, o filho da Senhora Yeom, Min-shik, é quem assume o posto de chefe da loja de conveniência. Com o país alastrado pela Covid-19, novas histórias são apresentadas, e a loja, mais uma vez, se torna um posto de descanso e alívio momentâneo para as almas cansadas. 

Essa 1ª edição foi publicada em 2024 pela Editora Bertrand Brasil e traduzida por Núbia Tropéia. O livro é dividido em 8 partes, narrado em terceira pessoa, exceto pelo penúltimo capítulo 'Always' , narrado em primeira pessoa.

Um dia outra epidemia virá e nos deixará doentes e desconfortáveis, mas nós vamos sorrir. Daqui para a frente, vou valorizar aqueles que estão ao meu lado e compartilham um sorriso comigo. (2024, p.333)

Seon-suk Oh, mais conhecida como Senhora Oh, é a nova gerente da loja de conveniência Always e Min-shik o chefe. Com visões completamente diferentes sobre como administrar a equipe e o dia a dia da loja, os dois vivem em constante atrito. Ainda assim, a Senhora Oh se mantém firme — ela prometeu à Senhora Yeom que cuidaria bem da loja durante sua ausência. A tensão aumenta quando o funcionário Kwak pede demissão, forçando a Senhora Oh a trabalhar dobrado e a procurar novos funcionários que queiram trabalhar no período mais inconveniente: à noite.

Após se formar em Administração de Empresas, So-jin tenta recomeçar a vida na cidade grande. Como tantos que deixam o interior em busca de um sonho na metrópole, ela logo vê seu entusiasmo ruir diante do alto custo de vida. Mesmo sofrendo uma forte rejeição de emprego, ela se recusa a desistir da cidade e retornar à rotina pacata do interior, ainda mais, sob o teto da mãe que tanto espera dela. É nesse meio-tempo que surge a oportunidade de trabalhar na Always. Uma experiência temporária, mas que acrescentou significativamente sua jornada.

Com o avanço dos casos de Covid-19, a solidão foi se tornando uma realidade cada vez mais presente, e Choi sentia isso na pele. Dono de um restaurante quase sempre vazio por conta dos períodos de isolamento, ele se via cada vez mais afastado daquilo que dava sentido ao seu dia: sua rotina de trabalho. Por isso, passou a frequentar a Always, onde afogava as preocupações em cerveja com soju, um alívio momentâneo para espantar os males. Porém, a incerteza constante sobre o futuro lhe causava um estresse diário que logo se refletiu em casa. Visto como um velho rabugento, sentia-se incompreendido pela própria família. Até que, após ouvir um conselho inesperado de um funcionário da loja de conveniência, ele decide tentar virar o jogo.

Uma loja de conveniência sem clientes em uma noite de verão é igual a uma geladeira —trabalhando incansavelmente no silêncio da noite, funcionando sem parar durante vinte quatro horas. (2024, p.173)

Nas férias de verão do primeiro ano do Ensino Médio, Min-gyu sentia-se injustiçado. Enquanto o irmão mais velho desfrutava de um quarto só dele, com ar-condicionado, Min precisava dividir os espaços da casa com o pai fumante e beberrão, além de lidar com as constantes implicâncias da mãe. Sonhava com um lugar só seu, onde pudesse se refugiar e se sentir fresquinho, longe dos incômodos familiares — e foi assim que a loja de conveniência do bairro se tornou seu refúgio perfeito. Lá, acabou fazendo amizade com Geum-bo, um funcionário da loja, que sempre lhe oferecia um sanduíche de tonkatsu (carne de porco) prestes a vencer.

Geun-bae, também conhecido como Geum-bo, se formou em Língua e Literatura Coreana, mas foi no Clube de Teatro da faculdade que encontrou sua verdadeira paixão: atuar. Teve sorte nos primeiros testes, mas percebeu que, para ingressar de vez em uma companhia de teatro e viver do que amava, teria que abrir mão de grande parte do seu tempo. Por isso — e também pelos impactos da pandemia — acabou passando por diversos empregos temporários, até chegar à loja da Senhora Yeom. Comunicativo e carismático, Geun-bae conquistou até mesmo quem duvidava dele, como o seu chefe, Min-shik.

Min-shik é um filho que, apesar dos tropeços, sempre tentou ao máximo orgulhar a mãe, ainda que esse desejo, muitas vezes, o tornasse torpe e egoísta. Quando sua irmã aparece de surpresa e ameaça tirar dele a loja de conveniência, Min-shik se vê à beira do abismo. Quer provar seu valor, mas continua agindo da pior forma possível… até que Geun-bae o elogia. Esse elogio, simples mas genuíno, foi como uma mão estendida, acolhedora e compreensiva. E foi a partir dali que Min-shik começou a mudar de verdade. Não só prometia ser melhor. Ele passou a tentar ser.

Mãe, estou gostando de almoçar as marmitas da loja de conveniência, então não preciso que a senhora cozinhe para mim nem que venda a loja. Então, por favor, volte. Eu vou te levar para casa, está bem?

Ela continuou em silêncio do outro lado da linha. Min-shik cerrou a mandíbula para evitar que os soluços saíssem, mas, então, ouviu a voz calma da mãe:

- Diz-se "vou te trazer para casa", não "vou te levar para casa". (2024, p.261)

In-gyeong Jeong finaliza sua dramaturgia e convida a Senhora Yeom para, enfim, assistir à sua loja de conveniência retratada no palco de um teatro. Ela jamais imaginou que aquela inconveniente loja de conveniências pudesse ter tanto impacto na vida das pessoas. Shi-hyeon, a primeira funcionária apresentada no início da história, também retorna à Always e, ali, reencontra um amor que pensava ter deixado no passado. Entre reencontros e novas chances, a loja segue sendo palco de histórias simples, mas que transformam profundamente quem por ali passa.

O autor

Kim Ho-yeon com a versão espanhol de 'A Inconveniente Loja de Conveniência' no Centro Cultural Coreano na Espanha

Kim Ho-yeon nasceu em 1974, na Coreia do Sul, é escritor, roteirista e ilustrador. Desde seu romance de estreia, Mangwon-dong Brothers, tem conquistado diversos prêmios e reconhecimentos, incluindo o World Literary Award, em 2013, o Bucheon Cartoon Story Contest, em 2005, o Book of the Year Award da Yes 24, em 2022, além de ser eleito o audiobook do ano em 2021 pela Millie, a maior plataforma de e-books e audiobooks da Coreia. Seu quinto romance, A inconveniente loja de conveniência, foi o livro mais vendido da Coreia do Sul em 2022, superando a marca de 1 milhão de exemplares vendidos.

Referência Bibliográfica

KIM, Ho-yeon. A inconveniente loja de conveniência 2. 1. ed. Tradução de Núbia Tropéia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2024.


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